A contemplação (que quase sempre requer estar só e consigo), a vida contemplativa, não se deve ser confundida com um mero ato solitário. A presença de Deus se faz imprescindível. Sem Ele, sobra o vácuo — este vazio que nem resvala no espírito que nos conduz ao milagre e ao amor de ver e sentir as coisas divinamente. Em Deus no coração, o coração em Deus, Dom Bernardo Bonowitz nos orienta, com sabedoria e bom humor, no entendimento da profundidade do pensamento do monge Thomas  Merton, em especial, a respeito da obra A oração contemplativa, em que são apresentados, passo a passo, os caminhos para assumirmos uma ação contemplativa diante da existência, apesar das intempéries.
A conferência, dividida em 5 encontros, transformada em livro, tira a contemplação da esteira estreita do senso comum — como se fosse algo alcançável apenas para quem assume uma vida religiosa monástica. “A contemplação tem um papel importante na purificação do nosso conhecimento de Deus, na nossa maneira de relacionarmo-nos com Deus”. Dom Bernardo decodifica a essência da obra, quando sintetiza ao esclarecer que a solidão necessária é a de dentro, onde cabe Deus. E a partir dessa relação, enfim, estabelecida, estaremos aptos a nossa missão no mundo: que possamos amar (contemplar) o próximo, do mesmo modo que, definitivamente, amamos (contemplamos) a nós mesmos.